Na Ufes para a Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o professor da Universidade de São Paulo (USP), André Carlos Ponce de Leon, conversou com o LabTel sobre os impactos da inteligência artificial (IA) na sociedade, os desafios de uma regulamentação global e a necessidade de um uso mais sustentável da tecnologia.
André, um dos pioneiros de estudos sobre IA no Brasil, apresentou a palestra “Aprendizagem Automática: Limites Tecnológicos e Éticos”, dentro da programação da SBPC, na sexta-feira (21).
Para o especialista, o aprendizado de máquina é benéfico, mas precisa ser usado de maneira ética e de uma forma que some esforços a sociedade para resolver problemas globais.
Veja abaixo o bate-papo!
LabTel: Quando se fala de IA, muitas das vezes esquecemos os impactos ambientais que essa tecnologia, principalmente a partir do consumo de energia. Como o senhor vê isso?
André Ponce: toda tecnologia tem aspectos positivos e negativos, como o fogo e a roda também tiveram pontos positivos e negativos. Como a IA é mais sofisticada, é mais difícil identificar os hicsos que ela tem, mas por outro lado, os benefícios são maiores. O desafio da nossa humanidade é tentar inverter a situação, ao invés de trazer novos problemas, como ela pode ajudar a melhorar a qualidade dos nossos rios e como ela pode ajudar o ser humano a recuperar as florestas?
LabTel: regulamentação é uma palavra que assusta muito a sociedade brasileiro. É preciso regulamentar? Se sim, como isso pode ser feito?
André Ponce: A regulação tem que ser igual às regras para mudanças climáticas. Não adianta você ter um país com uma política e o outro ser mais permissivo, porque aí ele faz com as regras dele e exporta para você. É preciso pensar em algum órgão internacional que possa dizer: “‘isso está certo, isso está errado”. Claro que o país pode pensar em algumas situações culturais e sociais, mas o todo, as regras mais gerais, precisam ser globais.
LabTel: e o mundo avança para isso? Há algum internacional hoje discutindo tais políticas?
André Ponce: tem várias pessoas e conselhos que sugerem o surgimento de um órgão internacional de IA, mas é complicado, porque não adianta um governo assinar um compromisso e depois sair dele, como vimos recentemente com os Estados Unidos e o Acordo de Paris.
LabTel: a IA é uma tecnologia que se desenvolve muito rápido. Hoje, como o senhor vê o futuro da área?
André Ponce: O futuro da IA depende do quanto a gente tá prevendo para os riscos da IA, quanto mais a gente falar sobre isso, que tem esse perigo e que não tem mais risco, melhor vai ser o futuro. Porque aí vamos saber como trabalhar para evitar os perigos e a IA vai poder ajudar a construir uma sociedade mais justa e menos desigual para as pessoas.
LabTel: com certeza o senhor já deve ter respondido isso inúmeras vezes, mas: a IA vai substituir os humanos?
André Ponce: Depende. Depende de como a sociedade vai se organizar. Eu não sou favorável a IA substituir o ser humano, pra mim não deve existir uma máquina que chegue perto de fazer as tarefas que o ser humano faz. Mas sim, há esse risco, assim como um vírus pode sair do controle, a IA também pode.
Quem é André Ponce
André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho é Professor Titular e Reitor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP.
Com notória experiência acadêmica internacional no Canadá, Reino Unido e Portugal, André é especialista em mineração e dados, ciência de dados e aprendizado de máquina.
Também dirige o Centro de Inteligência Artificial Aplicada para Cidades Inteligentes (IARA) e detém vários cargos em instituições nacionais e internacionais. Já atuou como vice-presidente da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e em comitês de governança e avaliação científica, como o CNPQ.
O professor acredita que a regulamentação da IA deve ser pensada de maneira global. – Foto: Reprodução/CeMEAI
“Futuro da IA depende da sociedade”; diz professor da USP, André Ponce de Leon, especialista em inteligência artificial
Na Ufes para a Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o professor da Universidade de São Paulo (USP), André Carlos Ponce de Leon, conversou com o LabTel sobre os impactos da inteligência artificial (IA) na sociedade, os desafios de uma regulamentação global e a necessidade de um uso mais sustentável da tecnologia.
André, um dos pioneiros de estudos sobre IA no Brasil, apresentou a palestra “Aprendizagem Automática: Limites Tecnológicos e Éticos”, dentro da programação da SBPC, na sexta-feira (21).
Para o especialista, o aprendizado de máquina é benéfico, mas precisa ser usado de maneira ética e de uma forma que some esforços a sociedade para resolver problemas globais.
Veja abaixo o bate-papo!
LabTel: Quando se fala de IA, muitas das vezes esquecemos os impactos ambientais que essa tecnologia, principalmente a partir do consumo de energia. Como o senhor vê isso?
André Ponce: toda tecnologia tem aspectos positivos e negativos, como o fogo e a roda também tiveram pontos positivos e negativos. Como a IA é mais sofisticada, é mais difícil identificar os hicsos que ela tem, mas por outro lado, os benefícios são maiores. O desafio da nossa humanidade é tentar inverter a situação, ao invés de trazer novos problemas, como ela pode ajudar a melhorar a qualidade dos nossos rios e como ela pode ajudar o ser humano a recuperar as florestas?
LabTel: regulamentação é uma palavra que assusta muito a sociedade brasileiro. É preciso regulamentar? Se sim, como isso pode ser feito?
André Ponce: A regulação tem que ser igual às regras para mudanças climáticas. Não adianta você ter um país com uma política e o outro ser mais permissivo, porque aí ele faz com as regras dele e exporta para você. É preciso pensar em algum órgão internacional que possa dizer: “‘isso está certo, isso está errado”. Claro que o país pode pensar em algumas situações culturais e sociais, mas o todo, as regras mais gerais, precisam ser globais.
LabTel: e o mundo avança para isso? Há algum internacional hoje discutindo tais políticas?
André Ponce: tem várias pessoas e conselhos que sugerem o surgimento de um órgão internacional de IA, mas é complicado, porque não adianta um governo assinar um compromisso e depois sair dele, como vimos recentemente com os Estados Unidos e o Acordo de Paris.
LabTel: a IA é uma tecnologia que se desenvolve muito rápido. Hoje, como o senhor vê o futuro da área?
André Ponce: O futuro da IA depende do quanto a gente tá prevendo para os riscos da IA, quanto mais a gente falar sobre isso, que tem esse perigo e que não tem mais risco, melhor vai ser o futuro. Porque aí vamos saber como trabalhar para evitar os perigos e a IA vai poder ajudar a construir uma sociedade mais justa e menos desigual para as pessoas.
LabTel: com certeza o senhor já deve ter respondido isso inúmeras vezes, mas: a IA vai substituir os humanos?
André Ponce: Depende. Depende de como a sociedade vai se organizar. Eu não sou favorável a IA substituir o ser humano, pra mim não deve existir uma máquina que chegue perto de fazer as tarefas que o ser humano faz. Mas sim, há esse risco, assim como um vírus pode sair do controle, a IA também pode.
Quem é André Ponce
André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho é Professor Titular e Reitor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP.
Com notória experiência acadêmica internacional no Canadá, Reino Unido e Portugal, André é especialista em mineração e dados, ciência de dados e aprendizado de máquina.
Também dirige o Centro de Inteligência Artificial Aplicada para Cidades Inteligentes (IARA) e detém vários cargos em instituições nacionais e internacionais. Já atuou como vice-presidente da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e em comitês de governança e avaliação científica, como o CNPQ.