L A B T E L

Conheça Jair Silva, ex-aluno, Professor e Pesquisador no LabTel.

Cabo Verde, um arquipélago vulcânico no oceano atlântico, mais precisamente na costa ocidental da África, é o país de origem do professor do LabTel, Jair Silva. Nascido na cidade de Mindelo, na ilha de São Vicente, o cabo-verdiano desembarcou em terras brasileiras em 1997, aos 18 anos, por meio do Programa Estudante-Convênio de Graduação (PEC-G)

De aluno de graduação a estudante de mestrado e doutorado no Laboratório de Telecomunicações, hoje, ele é pesquisador e professor do Departamento de Engenharia Elétrica (DEEL) e Coordenador Adjunto do Programa de Pós Graduação de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).  

Entre os temas de estudo do Pesquisador Produtividade Nível C do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), estão investigações relacionadas aos sistemas de telecomunicações, conectividade sem fio, Internet das coisas, 5G e 6G, entre outros.

Trajetória no LabTel

O primeiro contato com o Laboratório ocorreu na metade do curso de graduação, por influência do professor Marcelo Segatto.  Como aluno de iniciação científica, Jair Silva iniciou os estudos em esquemas de modulação multiportadoras OFDM.

Logo em seus primeiros passos como pesquisador, ele diz ter se encontrado. Determinado a seguir nesse campo de atuação, após a finalização da graduação, se inscreveu no programa de mestrado e continuou a pesquisa com Segatto.

Na pós-graduação, pesquisou sobre sistemas de comunicação via rede elétrica e no doutorado, via fibra óptica. Defendeu as teses respectivamente nos anos de 2006 e 2011. 

Enquanto aluno, e principalmente após iniciar as atividades de ensino e pesquisa no DEEL, Silva auxiliou a escrever e submeter projetos de pesquisas com desenvolvimento em colaboração com empresas locais e nacionais.

Caminho Docente

Inspirado a continuar a carreira acadêmica, antes da finalização do doutorado, ele passou no concurso para lecionar no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), onde havia atuado como professor substituto. A partir disso, ensinar também passou a fazer parte de seus planos.

 Aproximadamente um ano depois, surgiu a vaga para professor de Telecomunicações no Departamento de Engenharia Elétrica da Ufes. Inscrito no concurso, Jair fez valer o “bom filho a casa torna”.

“Eu me apaixonei pela pesquisa científica […] lecionar é passar o conhecimento daquilo desenvolvido dentro da pesquisa”, relata o professor.

Em 2023, ele realizou estágio pós-doutoral na Hanze University of Applied Sciences, no norte da Holanda, como pesquisador sênior num grupo de pesquisa de sensores e sistemas inteligentes.

Para ele, é motivo de orgulho ver como o LabTel se desenvolveu ao longo da história.

“Fico orgulhoso em saber que fiz parte dessa história”. 

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Alcance Internacional 

Jair explica que a internacionalização é um componente importante para o desempenho de um laboratório ou programa de pesquisa, por isso, durante alguns anos, ocupou a pasta de mobilidade acadêmica de alunos, professores e pesquisadores na Secretaria de Relações Internacionais da Ufes. 

“Internacionalizar não é somente trazer gente de fora, mas também realizar projetos em conjunto e buscar recursos que possam ser investidos em pesquisa, desenvolvimento e inovação.”

Membro do Comitê Permanente de Internacionalização da Ufes, ele ainda disserta que a troca cultural entre estudantes e colaboração entre universidades é muito benéfica e enriquece a formação do estudante, do professor e do PPGEE. 

Desafios do Caminho 

Perguntado sobre seu maior desafio durante esses anos de trajetória, cita o período da graduação. 

No programa PEC-G, as universidades brasileiras ofertam vagas e o governo de Cabo-Verde é responsável por oferecer uma bolsa, sendo essa a única fonte de renda dos estudantes no Brasil. No entanto, com frequência, o auxílio costumava atrasar em até 3 meses. 

Ele diz que contava com ajuda de políticas de permanência da universidade, como a isenção do preço do almoço no Restaurante Universitário e que distante do desânimo, manteve um estilo de vida simples no intuito de continuar sua trajetória no Brasil. 

Além disso, frisa que a união dos colegas cabo-verdianos com os quais ele dividia residência, foi essencial para manter-se no país. Juntos, eles enfrentavam os momentos de instabilidade financeira. 

Motivações 

“Ir para o laboratório fazer um experimento, levantar uma medida, usar um equipamento pra ver algo e conseguir associar isso ao fenômeno que governa esse comportamento […] é algo que me motiva demais”, lembra.

O menino que saiu de Cabo Verde, sem muitas oportunidades, hoje é doutor em Engenharia Elétrica. Para Silva, seguir o caminho da academia mudou completamente a sua realidade e a de sua família, como a dos três de seus irmãos que também vieram estudar no Brasil, evidenciando o poder de transformação social que os estudos podem oferecer.

E não parou por aí, a vida de Jair não é a única a ser marcada por essa experiência de mobilidade acadêmica, a Ufes em acordo de cooperação com a Universidade Técnica do Atlântico (UTA), que fica em sua cidade natal, forma outros mestres e doutores para compor o corpo docente dessa e outras universidades.

Emocionado, ele demonstra apreço por diversos projetos e fotos com orientandos que ele monitorou durante a carreira e que marcaram sua trajetória.

O cabo-verdiano criou conexões com diversos alunos durante sua jornada. Foto: arquivo pessoal

Além do Campus

A troca entre aluno e professor às vezes extrapola os limites da sala de aula, os alunos acabam virando amigos com os quais Jair gosta de jogar futebol. Segundo ele, é um momento de descontração valioso.

Fora da universidade, gosta de ser conhecido apenas como “Jair”, e diz que o estrelismo não combina com a essência dele e dos seus conterrâneos, mantendo-se sempre aberto e acessível para seus alunos e colegas. 

Importante para sua essência, o professor diz que tem nacionalidade brasileira, mas é cabo-verdiano; a conexão com sua cultura é fundamental em sua vida, como por exemplo, no hábito de falar Crioulo e jamais perder contato com suas raízes.  

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